quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Compreender


Apesar de tanto bater na tecla de criar um blog, toda vez que penso em vir escrever, bate aquela dúvida, indecisão e até certa preguiça =D Mas comigo é assim, as coisas só funcionam quando não tenho alternativa, então estou me obrigando a escrever.

A questão que tanto atormenta minha vida, que ocupa grande parte dos meus pensamentos e que é meu desafio intelectual desta encarnação, sem dúvida, é o processo de aprendizagem humana, mais, especificamente, no emprego da racionalidade entre indivíduos.

Por algum motivo que só o Espiritismo explica, meu pensamento é extremamente direto, linear, analítico, enfim, até um pouco seco, digamos assim. Minhas atitudes, meu comportamento, é todo pautado em uma lógica, em uma razão, de modo que para mim, não existe possibilidade de um debate chegar a lugar nenhum. Para mim, sempre foi claro que através de argumentos, de dados, de respeito recíproco, fosse possível sanar QUALQUER desavença.

Essa crença foi muito forte em mim por muito tempo. Até porque, sempre pensei que se a razão fosse usada em casa, não haveria problemas aqui. Como os há, para mim, parece claro que se deve à falta de entendimento, que só é possível através de um bom debate. Como isso nunca aconteceu, nunca pude ter certeza sobre a veracidade dessa minha teoria, de que a razão é um instrumental quase que mágico.

E por causa dessa percepção quase que inata, tive um jeito de ser muito ligado a esta premissa quase que dogmática. Ou seja, tive, quase sempre, uma postura muito incisiva sobre tudo. E isso, inicialmente, se materializou como reclamação (tudo estava errado - inclusive, foi nessa época que odiava os EUA e tendia a pensar como a esquerda). Atualmente ela se materializa numa forma de incisão que se confunde com a pedância, com o orgulho ou mesmo com a bravata (tudo ainda está errado, mas passei a ver que nem tudo que está errado é absoluto, nem o pior possível - passei a destrinchar mais a realidade, pensar em mais possibilidades e a me encontrar definitivamente no pensamento Liberal).

Como nunca achei muito legítimo mudar por causa da opinião alheia, passei a analisar a minha postura e o que os outros achavam dela. Inicialmente não me importava com isso, mas passei a perceber que ao analisar minha imagem, e tentar mudá-la, passava a ser mais querido por mais pessoas. Como um bom investigador, isso me interessou! Qual o processo envolvido nisso?

Cheguei a algumas conclusões:
I) Na verdade, a maioria das pessoas NÃO é racional, a maioria, na verdade, nem tem ciência desta ferramenta;

II) Segundo alguns expoentes da Psicologia, como Rogers, dizem que o ser humano só passa a existir quando reconhecido pelo outro. Bom, isto é assunto para outros 500 posts, mas o que fica agora é que MUITA gente se anula para ser aceita pelos outros - nesse processo, a pessoa abdica totalmente desta tão cara ferramenta (para mim), a Razão;

III) O processo de aprendizado das pessoas, inclusive o meu, é todo pautado por valores periféricos, isto é, é MUITO difícil para um imenso número de pessoas ouvir determinada afirmação, idéia, colocação e apreender estritamente o que está posto naquelas palavras;

IV) As palavras, que para mim sempre tiveram um significado restrito ao posto no dicionário, conseguem ativar no cérebro das pessoas uma série de fatos, lembranças, conceitos, preconceitos, gostos e desgostos, de modo que a comunicação dificilmente será plena: a depender do leitor/ouvinte, a mesma frase poderá dizer significados que talvez nunca tivessem passado pela cabeça do escritor/orador.

Então é isso, pessoal, é sobre isso que quero poder aprofundar ao longo do tempo que este blog estiver no ar. E, tenham certeza, pode ser bem mais interessante do que parece à primeira vista.

Inté!

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