terça-feira, 23 de junho de 2009

Couchsurfing

Hello Folks!

Hoje vou, finalmente, tratar de um assunto interessante (que desperta ao menos uma discussão) que é a idéia do site www.couchsurfing.org !

De acordo com o próprio site, assim eles definem sua filosofia:

What is the CouchSurfing mission?


When we incorporated CouchSurfing International, Inc. as a non-profit, we filed our official mission statement as:

"CouchSurfing seeks to internationally network people and places, create educational exchanges, raise collective consciousness, spread tolerance, and facilitate cultural understanding."

As a community we strive to do our individual and collective parts to make the world a better place, and we believe that the surfing of couches is a means to accomplish this goal. CouchSurfing isn't about the furniture- it's not just about finding free accommodations around the world- it's about participating in creating a better world. We strive to make a better world by opening our homes, our hearts, and our lives. We open our minds and welcome the knowledge that cultural exchange makes available. We create deep and meaningful connections that cross oceans, continents and cultures. CouchSurfing wants to change not only the way we travel, but how we relate to the world!

Então, para quem tem sua dificuldades com inglês, do que estou falando?

Couchsurfing poderia ser traduzido como "surfe de sofás", "surfar sofás". Como assim sofás? Couch para os americanos é usado como figura de linguagem, como nós usamos "rua" no seguinte sentido: "se não fizer isso, vai dormir na rua", para eles, se dorme no sofá (são bem mais humanos, não? =p). Logo, o sofá é visto como um local rústico, a que se recorre quando não se há escapatória, quando não se tem outra opção - a última opção.

Entretanto, baseado na forte idéia de auto-determinação que os povos anglo-saxões, principalmente, têm, eles crêem que não nos cabe julgar o que é melhor para o próximo - ele mesmo é que saberá. Assim, enquanto que para uns, dormir no sofá da casa dos outros é algo próximo da humilhação, para outros, é a chance de conhecer novas pessoas, não dormir no relento, ou mesmo economizar, para gastar o dinheiro no outro dia por algo que dê maior importância.

É por isso que AMO o espírito do site.


Filosofia coletiva brasileira

Para nós brasileiros, onde geralmente temos muito a vida pautada pelo que os outros vão pensar do que fazemos, onde sempre receamos não ser bem vistos, onde, infelizmente, lidamos com perigos constantes, seja de furtos, roubos, assassinatos, seqüestros, a idéia costuma ser sempre, à primeira vista, aterradora. "Como, dormir na casa de um estranho? E se for um assassino, estuprador, doido varrido, homossexual, transtornado, traficante,..." bom, estas foram só algumas das inúmeras suposições que amigos brasileiros me fazem quando comento sobre o couchsurfing.

Não os culpo. Talvez, se nunca tivesse tido uma experiência no exterior, pensasse da mesmíssima forma. Mas só o meu caso, desde o início, nunca me deu chances de pensar deste modo. Para quem não sabe, morei na Alemanha por um ano, através de um programa de intercâmbio de trabalho chamado de Aupair. Não vou me alongar sobre ele agora, mas o princípio é: contratar algum jovem estrangeiro para ser o "quebra-galho" da casa. Ou seja, você tráz um estrangeiro, jovem ainda por cima, para morar com você, realizar as refeições com vc, ouvir suas brigas, discussões, tomar conta de seus filhos, usar seu carro, enfim, fazer parte por um tempo de sua "intimidade".

Creio que no Brasil esta possibilidade é NULA. Não há fidúcia entre nós, somos um povo desconfiado, um povo que espera sempre o pior do próximo, um povo traumatizado, que pensa sempre que o próximo lhe irá passar a perna, trapacear. Não estamos acostumados a passar por dificuldades coletivas, de modo que um colabore espontaneamente com o outro - é sempre cada um pensando em si mesmo, tendo que passar por cima do outro, se necessário, para alcançar seus objetivos.

Não quero me alongar sobre este assunto, pois dá muita discussão refletir acerca de nosso comportamento em coletividade. Meu objetivo era demonstrar do porquê o couchsurfing causar tanta estranheza entre nós e tentar traçar um paralelo com o pensamento dos povos mais desenvolvidos, civilizados.


Experiências

Vou dar alguns exemplos das minhas experiências na Europa:

Alemanha: minha primeira experiência no couchsurfing foi no feriado da páscoa em 2006, abril, portanto. Tinha algumas passagens para o trem-bala alemão (o ICE) e resolvi gastá-las. Fui para Aachen, uma cidade beeem no oeste alemão, quase na fronteira com Bélgica/Holanda. Meu host se chamava Sebastian. Muito atencioso, como todos os outros hosts que tive, me buscou na estação de trem e fomos até o aparatamento que ele dividia com um colega de faculdade, que tinha, inclusive, até uma boa vista da cidade. Como tinha dito, era um apartamento pequeno, mas julguei valer mais a pena o aperto que gastar 30 euros por uma noite em um hostel. No outro dia ele foi junto comigo nos pontos principais da cidade. Lembro que ele foi quase como um guia turístico, sabia algumas curiosidades históricas, das termas romanas que têm lá, por exemplo, ainda inteiras, onde personalidades desde aquela época visitavam e gravavam seus nomes numas placas de bronze. Depois desse dia, fomos passar o dia de páscoa com a família dele, nunca cidadezinha ainda mais pra fronteira da Alemanha. Foi interessantíssimo, fui super bem acolhido, pude ver de perto como era a comemoração da páscoa no interior da Alemanha, dormi muito bem, e a mãe dele até emprestou o carro, pra que viajássemos no outro dia para a Holanda, Maastricht. Ele tinha, inclusive, um tio filósofo, professor da universidade de uma cidade por lá (não lembro mais), com quem, infelizmente, não pude conversar muito - meu alemão ainda era muito fraco.


Conclusões

Contei poucas vezes essas história. Mas quando conto, pessoas mais negativas, desconfiadas, até mesmo intolerantes, vêm com ironias perguntando o que teria feito para tamanha hospitalidade. Ou quanto eu teria pago. Ou o que ele me devia... enfim, vocês sabem que a criatividade de mentes negativas, pervertidas, é infinita nas possibilidades de desvirtuamentos das intenções alheias. Ninguém pensa que podem haver pessoas que realmente gostam de ser úteis. Não pensam que podem existir pessoas que gostam de contato com pessoas de outras culturas. Não pensam que possa haver interesse por outras línguas, constumes. Não pensam que entre duas pessoas há inúmeras trocas que não APENAS as materiais, financeiras, sexuais. Não pensam que possa haver vontade de crescimento interior com as diferenças. Não pensam que possa haver interesse pela tolerância. Enfim, não pensam em MUITAS coisas.

Bom, esta forma de pensamento também ajuda a explicar porque, por exemplo, as privatizações são tão mal vistas por aqui, ou a eliminação unilateral de barreira alfandegárias, mesmo a inserção de palavras estrangeiras ao nosso vocabulário sejam tão repudiadas.

Já me alonguei demais. Possivelmente voltarei ao tema.

Abraços!




Um comentário:

  1. As críticas negativas têm como seu principal objetivo fazer a pessoa criticada chegar à conclusão de q aquela crítica está certa. E poucas pessoas sabem distinguir a certa da errada. Embora nos esforcemos para evitar isso, nem sempre conseguiremos.

    Que bom q vc conseguiu identificar o grau das críticas, na história q nos contou. Sinal de que estas foram realmente negativas, e vc as superou!

    Em resumo, relevem as críticas negativas, pessoal!

    Abraço. ;)

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